Superar desafios. Essa parece ser a missão de vida abraçada pela estudante Adriana dos Santos Almeida, 14 anos. De família humilde, a adolescente nasceu com paralisia cerebral, o que nunca lhe impediu de realizar seus sonhos. Há um ano, ela participa do projeto Talentos Paralímpicos, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação, por meio do Centro de Referência em Inclusão Educacional Gabriel Lima Mendes, o Crie. Devido ao bom desempenho, Adriana está entre os quatro brasileiros escolhidos para participar da Conferência IDA (International Disability Alliance) durante a reunião Latino-americana “Novas vozes, novos desafios” pelo Desenvolvimento Inclusivo.

A reunião “Novas vozes, novos desafios” pelo Desenvolvimento Inclusivo é organizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef,  em parceria com o Instituto Interamericano sobre Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo (iiDi) e ocorrerá em São Paulo, de 21 a 24 de outubro. A intenção é ouvir as crianças e adolescentes que venceram as dificuldades e compartilhar experiências de sucesso.

Adriana foi selecionada entre crianças e adolescentes que fazem parte da Plataforma dos Centros Urbanos (PCU), projeto realizado na capital paraense pelo Unicef e Prefeitura de Belém. Ela embarca para São Paulo na quarta-feira, 21, e não esconde o entusiasmo em representar a região Norte no evento e levar motivação para outros estudantes com deficiência. “Se eu consegui vencer, outras crianças também podem se superar, se eles treinarem. O respeito e o apoio são muito importantes para que as crianças com deficiência continuem estudando. Não saiam da escola”, orienta.

“Eu queria fazer esporte. Fiquei nervosa, me deu frio na barriga. Achei que não iria conseguir. Na primeira tentativa, eu caí. Na segunda, também. Na terceira vez, eu consegui. Senti um alívio e uma sensação de vitória muito grande. Meu coração bateu mais forte quando recebi as medalhas, me senti determinada”, conta ao lembrar da VIII edição dos Jogos Escolares Paralímpicos do Pará, onde ganhou ouro na prova dos 100 metros rasos, no salto em distância e, com uma diferença de apenas dois centímetros, ficou com a prata na prova do arremesso de peso.

Para a coordenadora do Crie, Denise Costa, Adriana é um exemplo de determinação e superação para os alunos com deficiência da rede municipal de ensino. “A Adriana participa das atividades esportivas, da modalidade atletismo que consiste em uma proposta de atividades psicomotoras. Ela é um estímulo para as outras crianças também”, finalizou.

Projeto Talentos Paralímpicos

O Projeto Talentos Paralímpicos, criado em janeiro de 2014, é desenvolvido por fisioterapeutas e tem como objetivo desenvolver os aspectos psíquicos, motor e afetivo das crianças e adolescentes com deficiência por meio da modalidade de atletismo. Consiste em atividades psicomotoras voltadas às crianças com deficiência da rede municipal de ensino, tendo como base os movimentos do programa de miniatletismo, desenvolvido pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF). As ações baseiam-se na triagem dos alunos, treinamento semanal, orientações aos pais sobre a importância da realização de atividade física para a inclusão escolar, e participação em competições esportivas.