Sesma identifica primeiro caso de microcefalia associado ao zika vírus
Dentro do protocolo de notificação de microcefalia, em vigor desde novembro de 2015, a Secretaria Municipal de Saúde tem notificado casos de crianças com diagnóstico de microcefalia. Dentre os quatro casos notificados desde então, a Sesma identificou o primeiro caso de microcefalia associada ao zika vírus no município de Belém neste final de semana. A confirmação foi feita no dia 30 de janeiro pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), através do Laboratório Central.
A criança, que nasceu em 26 de novembro de 2015, em um hospital filantrópico, apresentou perímetro cefálico inferior a 32 cm, conforme estabelece o protocolo do Ministério da Saúde para a definição de microcefalia. “Assim que fomos notificados, cumprimos o protocolo. Coletamos material, como parte do processo de investigação, e entrevistamos a mãe para a identificação do possível momento em que a mesma possa ter adquirido o zika”, explica a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da Sesma, Leila Flores.
De acordo com o relato da mãe da criança, ela havia viajado para o interior e em seu retorno apresentou um quadro que ela associou a uma alergia a camarão. Diante desta informação, a Sesma realizou a coleta de material, devido a suspeita de doença exantemática (com manchas vermelhas) na gestação.
O exame realizado na mãe deu negativo por ter contraído a infecção no início da gravidez. Já a amostra do bebê foi encaminhada ao Lacen, e posteriormente ao IEC. O resultado apresentou fragmentos do genoma do zika vírus, confirmando a associação da microcefalia à infecção pelo vírus zika. “A Vigilância Epidemiológica vem investigando e acompanhando os casos de zika notificados em grávidas, orientando quanto ao pré-natal correto seja na rede pública ou particular”, garante Leila.
A Sesma está acompanhando ainda mais três casos de microcefalia, que aguardam resultado dos exames, dos quais apenas um é residente em Belém. Essas crianças estão sendo encaminhadas para a rede de saúde para o acompanhamento necessário.
COMBATE - Em 2015, foram notificadas 34 mulheres grávidas com suspeita da doença, sendo que três delas foram confirmadas. Já em 2016, a Sesma recebeu 23 notificações de grávidas que aguardam resultado.
O município de Belém conta, atualmente com um efetivo de mais de 850 agentes de Controle de Endemias visitando continua e efetivamente os imóveis dispersos nos 71 bairros, distribuídos nos oito distritos administrativos. Além das visitas domiciliares de controle vetorial, esses servidores realizam também bloqueios de transmissão viral, com o objetivo de impedir a dispersão do Aedes aegypti e o surgimento de novos casos; realizam controle químico nos locais onde esses casos surgem; fazem vistorias periódicas em todas as obras em construção, com tratamento focal e perifocal; fazem diariamente, palestras e oficinas em escolas, centros, igrejas, empresas, etc., com o objetivo de informar e educar os diversos seguimentos da sociedade acerca destas endemias.
Desde o dia 25 de janeiro, a Sesma conta ainda com cem militares do Exército, já treinados para o combate ao mosquito. Estes militares irão atuar, inicialmente, em cinco bairros (Pedreira, Marco, Jurunas, Guamá e Marambaia). Esta parceria deve durar três meses.
De acordo com Leila Flores, o trabalho de controle e combate é ininterrupto, uma vez que a população está mais suscetível ao zika do que a dengue. “Pelo menos alguma vez na vida alguém já se deparou com algum sorotipo da dengue, mas com o zika não. A melhor forma de controlar é combatendo o vetor”, ressalta.
ZIKA - A febre por Zika vírus (ZIKAV) é uma doença autolimitada, normalmente de evolução benigna, caracterizada pelo quadro clínico de febre baixa, conjuntivite e manchas avermelhadas na pele, que na maioria dos casos desaparecem após 3 a 7 dias. O ZIKAV é um arbovírus do gênero Flavivirus que foi isolado pela primeira vez em 1947 na Floresta de Zika, em Uganda.